Baixagrafia

Quando a Casa da Esquina me convidou a fazer uma Marquise, pensei “Caramba, e agora?... O que vou expor?”. Isto porque, no meu trabalho diário, não sou uma ilustradora, mas sim uma designer que utiliza a ilustração como uma das suas ferramentas de trabalho. À procura de um tema, lembrei-me de um post de Facebook que escrevi quando soube que a loja Hortícola de Coimbra ia fechar. Eu não sou muito opinativa nas redes sociais, mas a reacção gerada por esse desabafo fez-me perceber que haveria mais pessoas com a mesma preocupação.

Data Dezembro, 2018
Cliente Casa da Esquina
Categoria Ilustração

Portfolio

Este é um excerto desse post: “Quem se lembra da mítica loja Eduardo Neves com os seus funcionários sempre prontos para contar piadas ou perguntar adivinhas, cercados por móveis de madeira recheados de frascos, frasquinhos, pregos, materiais de construção, artigos de casa e afins? Quando fecha este tipo de loja, não fecha apenas um negócio, perdem-se histórias e amizades.”

Como contraponto a este cenário, onde a memória tem um papel crucial, é também verdade que a urbanidade da Baixa, enquanto organismo vivo, está sempre em mutação. Para melhor ou para pior? O tempo o dirá...

Voltando ao desafio da Casa da Esquina, pensei então na riqueza da história gráfica que a Baixa de Coimbra foi perdendo e, consigo, a sua identidade. De forma instintiva, numa espécie de arqueologia visual, comecei a reunir material gráfico diverso, como reclames, sacos e recibos, baseando-me em objectos que tinha em casa e em fotografias antigas.

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